A revolução do cuidado, as relações sociais intergeracionais e o idadismo.

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Relações

Leia: Relações sociais: pilar para uma vida saudável e uma boa relação consigo mesmo

Por: Vanessa Biscardi

Cada pessoa constrói seu entendimento sobre si, o outro e o mundo, a partir das relações que estabelece no meio em que vive. O ser humano nasce em situação de desamparo. Ao chegar ao mundo não consegue se cuidar sozinho. Por isso, precisa de um adulto que garanta cuidados essenciais (alimentação, higiene, afeto) para manter-se vivo e desenvolver-se. Somente à medida que amadurece é que ele vai se tornando independente e capaz de cuidar de si. Mas essa independência conquistada pouco a pouco é sempre relativa. Isso porque, ao longo de toda a existência, nos deparamos com situações de desamparo e carecemos de cuidado.

Envelhecer exige lidar com constantes mudanças. Muitas delas são sentidas como perdas importantes que necessitam da presença do outro para serem ressignificadas. Isso impõe rever com frequência os significados atribuídos a si mesmo, à própria vida e às relações. E esse processo será menos ou mais sofrido, saudável ou adoecedor, conforme:

– a capacidade de se reconhecer como ser envelhescente e em constante transformação, consentindo com as mudanças que são fruto da passagem do tempo e abre espaço para o novo em sua vida;

– a valorização da velhice na cultura promovida por todas as gerações. Isso leva a um sentimento de pertencimento da pessoa idosa na sociedade de maneira mais ampla e nos grupos menores dos quais faz parte;

– o suporte recebido por aqueles com quem estabelece vínculos afetivos (familiares, amigos etc.) e por instituições prestadoras de serviço.

A pessoa 60+ pode construir formas satisfatórias de se relacionar consigo e com o outro. Para isso, ela precisa contar com recursos materiais necessários para a manutenção da vida e apoio social. Ou seja, alimentação, abrigo, relações afetuosas e auxílio no que tem necessidade.

O isolamento social refere-se à interação com uma rede menor do que a pessoa gostaria e insuficiente quanto ao apoio das pessoas. Ele pode ser experimentado em qualquer fase da vida, mas é mais prevalente na velhice. Além disso, tem grande impacto na saúde mental da população idosa, podendo desencadear sentimentos de:

– solidão;

– ansiedade;

– depressão;

– medo;

– irritabilidade;

– insônia;

– exaustão;

– angústia;

– comprometimento da qualidade de vida;

– suicídio.

São formas de manter ou construir relações sociais significativas e evitar o isolamento: 

– buscar atividades de cultura e lazer em espaços públicos e privados, conforme preferências;

– ter contato com familiares por quem tem afeição;

– ter abertura para conhecer e relacionar-se com pessoas novas.

Cabe ressaltar que o sentimento de isolamento social será evitado somente se as relações estabelecidas tiverem significado para a pessoa 60+. Ela precisa participar ativamente na escolha desses grupos e pessoas. Além disso, ser possível, a qualquer momento durante o percurso de vida, iniciar relações sociais significativas e colher os benefícios disso.

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INICIATIVA

Universidades para a terceira idade — programas vinculados a universidades com o objetivo de  promover cidadania e autoestima. Também incentivar autonomia, independência e reinserção social para favorecer o envelhecimento bem-sucedido e a quebra de preconceitos com relação à velhice.

Conexão 6.0 — ferramenta digital que conecta iniciativas e ações pró-longevidade com o seu público-alvo: https://redelongevidade.org.br/conexao60/

SAIBA MAIS

Filmes

– TED Talks com Robert Waldinger — Do que é feita uma vida boa? https://www.youtube.com/watch?v=2gYTG1KIcjg 

– E se vivêssemos todos juntos;

– Despedida em grande estilo;

– Up! Altas aventuras;

– Uma dama em Paris.

 

 

Gerações

Leia: Como articular intergeracionalidade e liderança

Por: Natália Horta

Você inspira e atua na liderança de projetos e práticas em seu contexto profissional ou na sua comunidade? Já parou para pensar como as relações intergeracionais podem potencializar as ações desenvolvidas por você? O estabelecimento e o cultivo de relações é um importante valor para a longevidade. Isso nos oportuniza a convivência entre três e quatro gerações ao mesmo tempo! E aqui você pode estar se perguntando: “em que medida lidar com outras gerações pode contribuir para a minha Longevidade e para as práticas que lidero? Com que frequência nos relacionamos com pessoas de gerações diferentes da nossa?” Você já parou para pensar sobre isso? “A intergeracionalidade é uma experiência coletiva de autoconhecimento e promove benefícios mútuos”.

Como uma liderança pode propor programas intergeracionais que farão com que diferentes gerações se beneficiem mutuamente? 

Os programas intergeracionais podem estimular o cuidado e a troca de saberes compartilhados, além da promoção do bem-estar das diferentes gerações. Pode ser ainda um espaço de inspiração para as gerações mais novas sobre a vida profissional e outras atividades que o indivíduo possa desenvolver na comunidade, como a participação voluntária e a integração em movimentos sociais e instituições.

Algumas iniciativas podem ser propostas por você, junto às pessoas idosas que integram as suas práticas.  Essas ações podem envolver:

✔  grupos de idosos da comunidade, escolas e creches;

✔  grupos de idosos de movimentos religiosos, de clubes com jovens;

✔  jovens universitários e idosos da comunidade;

✔  pessoas jovens e idosas de uma empresa;

✔  idosos residentes em instituições de longa permanência e crianças e jovens de escolas e universidades próximas.  

As ações inspiradoras propostas a seguir podem tornar o seu grupo de idosos como referência exitosa para práticas intergeracionais. 

Os idosos podem colaborar na educação não-formal de crianças/jovens, atuando como mentores de crianças e adolescentes. Seria um “mentor sênior” com projetos diversos, desde contação de histórias e estórias até a profissionalização. São possibilidades de “ensinagem” com crianças e adolescentes, por exemplo. A pessoa idosa ensina o que tem de habilidade e aprende o que a criança ou o adolescente pode ensinar. 

Outra ação: os idosos podem ser atualizados, assistidos e apoiados pelos jovens, por meio de trocas intergeracionais que independem de laços familiares. Por exemplo, com jovens tutores de pessoas mais velhas em cursos que requeiram tecnologias digitais. Além disso, com conhecimentos recém-adquiridos nas universidades ou mesmo que digam respeito a algo que já faz parte do dia a dia, como a inserção digital. Crianças e adolescentes podem apoiar e serem apoiados por idosos dependentes de cuidados em suas diferentes necessidades. 

Fica o convite para construir a história e estruturar programas intergeracionais em sua comunidade.

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INICIATIVA

Conheça estas experiências: https://sesctv.org.br/programas-e-series/envelhecer/?mediaId=6510cd120f53de6ca74f5c7a8406a6eb

Aqui, você vai ver uma experiência sobre avosidade: https://www.youtube.com/watch?v=WyI_UMcrTJk

SAIBA MAIS

Busque mapear as instituições possíveis de articulação em seu bairro e em sua cidade. Procure pelas universidades abertas à pessoa idosa em sua cidade e proponha parcerias.

Se inspire na experiência do SESC – Serviço Nacional do Comércio —, por meio do Projeto “Era uma vez …”: https://portal.sescsp.org.br/files/artigo/418fc22a/dfde/4389/ae05/cba9232ef0a8.pdf

Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) para a construção de uma sociedade para todas as idades: https://www.paho.org/pt/decada-do-envelhecimento-saudavel-nas-americas-2021-2030

Conheça algumas experiências do projeto no Ceará, desenvolvidas de modo remoto na pandemia: https://www.youtube.com/watch?v=PZlWivcZzrU

 

 

Cuidado

Leia: Autocuidado e cuidado com o outro

Por: Natália Horta

As ações cuidadoras, sejam do autocuidado, sejam do cuidado do outro, são a essência das relações humanas. Uma ação de cuidado expressa um modo de ser, sentir e viver, estando diretamente relacionado a essa essência do ser. É um valor fundamental para a longevidade. Sem a ação cuidadora, não há dignidade no trilhar da vida e ela deixa de existir. 

À medida que envelhecemos, mudam-se as nossas necessidades e oportunidades de autocuidado.  Já nos sobra tempo para fazer o que gostamos, para escolher o que queremos e realizar sonhos que foram adiados. Isto é cuidar de si.

O cuidado é, por natureza, relacional, seja na relação consigo mesmo, seja com o outro. Aqui, temos uma importante reflexão: como cuido de mim? tenho tempo para mim? como cuidar dos que me cercam? Você estabelece relações e conexões cuidadoras? Como cuido das minhas relações? Quais são elas? 

Tendo feito essas reflexões, o convite que se faz aqui é para você, importante liderança em seu contexto profissional ou em sua comunidade. 

✔  Reflita com as pessoas idosas com quem você se relaciona sobre: como anda a minha capacidade de exercer o autocuidado? 

✔  Como superar o tempo que não exerci o  autocuidado tão frequente nas pessoas idosas? 

✔  Que ações podem ser feitas para estimular as relações cuidadoras entre e pelas pessoas idosas? 

O que as pessoas podem fazer para resgatar o autocuidado?

O autocuidado representa mais do que a capacidade de fazer coisas para si e por si mesmo. Começa com a responsabilidade individual na tomada de decisões diária. Cuidamos em nossas relações, sejam naquelas familiares, mais próximas, mas também para além da nossa casa. Aprendemos continuamente a cuidar quanto mais nos relacionamos conosco e com os outros.

O convite aqui é para você poder motivar a sua equipe de pessoas idosas a serem exemplos e referências de autocuidado e de cuidado com os outros. O século XXI é considerado como o “ século dos avós”. Uma importante estratégia adaptativa que pode ser estimulada é o exercício da avosidade. Ele consegue propiciar a reflexão do significado de tornar-se avó, a repercussão e motivações para o autocuidado e para o cuidar do outro. Sabe-se que os avós são importantíssimos no conhecimento, no suporte afetivo, emocional, carinho e apoio tanto para seus filhos como para os seus netos. 

Que tal convidar as pessoas idosas, no grupo que você lidera, a relatarem a vivência da avosidade e essa experiência? Essa pode ser uma ação que inspire as pessoas idosas à prática cotidiana do afeto e do autocuidado. Ela pode ter resultados múltiplos na qualidade de vida de avós, netos e todos os demais nessa rede. Dia 26 de julho é a data escolhida para celebrar o Dia dos Avós — marco da valorização das avosidades. Você pode, no mês comemorativo, propor estratégias de autocuidado e de cuidado com o outro, por meio da avosidade. 

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INICIATIVA

Meditação Sahaja Yoga –  Belo Horizonte

  • Prática  de meditação gratuita e aberta a todos.
  • Cursos on line gratuitos: https://www.sahajayoga.org.br/index.php/aulas-gratuitas

Rua Alvarenga Peixoto, 184- Lourdes

Telefone de contato: (31) 999583054 ou pelo e-mail: sahajayogabh@gmail.com

SAIBA MAIS


Para inspirar você a trazer a temática do envelhecimento de forma poética para o seu contexto, acesse o link a seguir e conheça as produções de Mario Quintana sobre a velhice: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/a-velhice-segundo-mario-quintana/

Filme  
UP Altas Aventuras (2009) — nos faz refletir sobre o cuidado nas nossas relações e o quanto isso nos faz ser melhor!

 

Ageismo

Leia: Ageismo: experiências diversas no envelhecer

Por: Ana Paula Lage

Ser idoso pode vir carregado em si de vários estigmas. Eles são percebidos no ageismo ou idadismo (preconceito pela idade), que pode existir associado a outros preconceitos. 

Raça, sexo, classe, sexualidade, deficiência, aparência e religião podem combinar entre si, potencializando ou não o preconceito. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a estrutura teórica para compreender essa situação é denominada interseccionalidade. 

Quando o ageismo se combina com a deficiência, o preconceito se manifesta na falta de respeito à necessidade e ao direito de autonomia do idoso. Da mesma forma, a exclusão dele das decisões relacionadas à sua vida. A falta de recursos financeiros e apoio governamental pode forçar o idoso a viver com a família. Em alguns casos, pode vir a perder sua autonomia e até mesmo ser vítima da violência e isolamento. 

As ILPis (Instituições de Longa Permanência para Idosos) também podem ser opções de acolhimento. Porém, dependendo da dinâmica de trabalho da instituição, esse idoso pode ou não perder a autonomia e sofrer maus-tratos e violência. 

Quando o ageismo se combina com LGBTQIA+, se o idoso já é invisível, ele tem uma invisibilidade ainda maior. O maior risco à solidão, isolamento social e abandono está nessa comunidade. Para tentar evitar o preconceito, muitos idosos escondem seu estilo de vida e rompem com a família e amigos.

Alguns chegam a se esconder dos médicos, o que pode impossibilitar tratamentos preventivos e cuidados direcionados. Caso necessitem estar em ILPI, se veem obrigados a apagar sua história e orientação para serem aceitos no local. O preconceito é mais visível em ILPIs administradas por entidades religiosas. 

Quando o ageismo se combina com racismo, afeta  em várias situações. Por exemplo, acesso a condições de vida melhores, educação, sistema de saúde, bons serviços públicos e privados e alimentação saudável. Situação que acompanhará a pessoa por toda a vida e afetará seu envelhecimento 

Quando se combina o ageismo com o envelhecimento da mulher, há uma pressão vivida para manter a beleza. Muitas vezes associada à juventude, faz com que ela viva preconceitos relacionados à sua aparência “velha”. 

O combate ao envelhecimento gera uma constante preocupação com a aparência (beleza), marcado pela necessidade de eliminar sinais de idade, como: 

rugas;

corpo “gordo” e flácido;

cabelo branco, entre outros. 

Como as pessoas com quem você trabalha expressam esses preconceitos? Vocês já conversaram sobre isso? É fundamental colocar o ageismo na pauta de atividades dos grupos.

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INICIATIVA

Longevida — consultoria na área do envelhecimento. Elaboraram o Glossário Coletivo de enfrentamento ao idadismo.
Link de acesso: https://www.longevida.ong.br/glossario_idadismo.pdf

SAIBA MAIS

Encontro sobre deficiência e envelhecimento: as interfaces

https://www.youtube.com/watch?v=n2KUlkp3PuM&ab_channel=DefensoriaSP

Vídeo, IDOSOS LGBT (Sou 60)

https://www.youtube.com/watch?v=0wiPz5FHEm4&ab_channel=Sou60

 

Mais 50 faz muito bem-Envelhecimento e racismo

https://www.youtube.com/watch?v=9tzcPOJxgJ4&ab_channel=TVC%C3%82MARAS%C3%83OPAULO

Sete situações de sexismo no cotidiano das brasileiras

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2015/10/sete-situacoes-de-sexismo-no-cotidiano-das-brasileiras.html

Relatório Mundial sobre idadismo: https://iris.paho.org/handle/10665.2/55872

Dorea, Egidio L. Idadismo. Um mal universal pouco percebido, Ed. Unisinos, 2020.

 

 

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